Você acorda com a mãe chamando, quando tudo o que você mais quer na vida é hibernar. Mais cinco minutinhos. “Vamos! Você vai se atrasar pro colégio!”. Levanta seu corpo molenga, come alguma coisa – isso quando dá tempo – e se arrasta feito um zumbi até a escola. Chegando lá, encosta num canto e fica implorando pela hora de ir embora. Quem nunca, não é? A boa notícia é que com os novos rumos do ensino e escolas inovadoras, os dias “hoje eu não quero ir“ estão contados e esta é a nossa aula (e Seleção Hypeness) de hoje.
Sim, é um fato que não há nada melhor do que aprender brincando. Mas como é que se brinca com coisa séria? As crianças estão, mais do que nunca, cansadas do método um tanto quanto militar que a escola impõe: carteiras enfileiradas, todos uniformizados, virados para o professor e a lousa. Ali, permanecem durante boa parte do dia e, é claro, podem se distrair facilmente, seja dormindo, conversando ou checando o celular. Até mesmo o teto branco parece mais interessante do que as horas intermináveis de um estilo de ensino massante.
É bizarro sair da escola com a sensação de que não se aprendeu quase nada ao longo de mais de 10 anos frequentando o mesmo ambiente, dia após dia, mas isso é algo comum, porque na verdade são poucos os que querem estar ali ou que estão dispostos a aprender alguma coisa pelo método tradicional. Aliás, que fique muito claro que os problemas na edução não são culpa dos professores, porque muitos já fizeram esforços para trazer coisas novas e diferentes para a sala de aula, nem sempre aceitas pelas direções.
Percebendo que o método é cansativo, ultrapassado e definitivamente desadaptado do estilo de vida atual, as escolas começaram a inovar e inserir novos meios de aprendizado, muito mais humanizados, verdadeiros e prazerosos, fazendo com que o aluno queira estar ali. O documentário brasileiro “Quando Sinto que Já Sei“, de Antonio Lovato, aborda esta questão dentro do panorama brasileiro, citando modelos bem-sucedidos fora dos padrões tradicionais de ensino.
Há tantas escolas e métodos inovadores e interessantes que ficou difícil selecionar apenas 15 delas. Para quem critica tanto a educação no Brasil, saiba que existem sim muitos projetos e instituições bacanas dentro do nosso país, inclusive com instalações mega criativas em meio a favelas, ou até mesmo incluindo a meditação para o aprendizado render mais. Ao redor do mundo, o cineasta canadense James Cameron também inovou ao criar a MUSE, a primeira escola vegana do Estados Unidos, onde os alunos cultivam o que comem e aprendem por meio de uma filosofia voltada ao desenvolvimento humano, social, cultural e ambiental.
Dá uma olhada:
1. Creche Into the Woods
Recebendo crianças de 2 anos e meio a 5 anos, a creche é a primeira escola londrina que não dispõe de salas de aula ou paredes, realizando todo ensino ao ar livre. Os pequenos alunos ficam em contato constante com a natureza, onde, além de se divertirem, desenvolvem a imaginação, a comunicação, as habilidades de pensamento e conquistam auto-confiança e resiliência.
Dentro do bairro Butantã, em São Paulo, a escola segue um modelo alternativo de educação. Os alunos tem bastante autonomia para, por exemplo, organizar debates e integrar disciplinas; a diretora atua como tutora e até os pais não ficam de fora, organizando festas e administrando apágina do Facebook. Grupos de alunos se reúnem por interesses em grandes salões e lá conquistam sua liberdade. Apenas as aulas de inglês, português e matemática contam com o auxílio da lousa.
3. Escola da Ponte (São Tomé de Negrelos)
Na Vila das Aves, em Portugal, a escola pública desenvolvida pelo educador José Pacheco(confira sua palestra no TEDxUnisinos Inovação na Educação) não tem salas de aula, nem disciplinas e nem horários regrados. As atividades dos mais variados temas são trazidas pelos professores e cada aluno exerce a autonomia de escolher o que mais lhe interessa, de trabalhar em grupo ou sozinho. Assim, podem se dividir entre as mesas ou até mesmo aprender ao ar livre. Existem provas, feitas e requisitadas pelos próprios alunos, quando se sentem preparados e não pressionados.
4. Escola Viva
Pregando o ensino dinâmico, a escola em São Paulo ensina por meio de atividades expressivas e culturais, a partir de práticas multidisciplinares dentro e fora do ambiente escolar. O método educacional básico, por exemplo, segue os eixos: domínio de linguagens, compreensão de fenômenos, resolução de situações-problema, construção da argumentação e elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade.
5. GENTE
Dentro de uma das maiores favelas da América Latina, o bairro da Rocinha, no Rio de Janeiro, os alunos da escola pública Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais(GENTE) aprendem de maneira inusitada. Não há séries, como estamos acostumados, e sim turmas que se reúnem por interesses e curiosidades em comum, com ensino auxiliado pela tecnologia e mediado por professores-mentores. A escola é linda, colorida e inspiradora, certamente um exemplo a ser seguido.
A escola pública de Nova York é conhecida por ser pioneira mundialmente a educar seus alunos 100% através de jogos. Lembra que falamos lá em cima do texto sobre aprender brincando? Os jogos, além de divertidos, são didáticos e requerem atenção como qualquer outra atividade escolar. Os índices de aprendizado estão acima da média geral e se tornaram referência ao redor do mundo.
7. Green School
Esta escola na Indonésia já impressiona pela estrutura, onde tudo é de bambu. As salas de aula são abertas e o método de ensino é baseado na conexão entre aspectos espirituais, físicos, emocionais e racionais, trabalhados dentro de temas, não em matérias. Crianças que estão aprendendo a contar, por exemplo, aprendem pulando corda, enquanto no ensino médio, se preparam para empreender e abrirem seu próprio negócio, de preferência sustentável.
A escola sueca gratuita, destinada a crianças de 6 a 11 anos da idade, tem poucas paredes e poucas salas. Com design arrojado, algumas baias estão disponíveis para os alunos se concentrarem e estudarem para as provas, mas sem avaliação por meio de notas. Com auxílio de laptops, cada aluno escolhe onde quer ficar, se quer trabalhar sozinho ou em grupo.
9. Island Wood
A escola particular em Bainbridge Island, em Seattle, no Estados Unidos, dispõe de 225 hectares ao ar livre onde alunos do jardim da infância à pós-graduação exploram a natureza, de fato. As aulas combinam pesquisa científica, artes e tecnologia para inspirar e desenvolver suas habilidades em harmonia com o meio em que vivem. Já falamos sobre ela aqui.
10. Escola Meninos e Meninas do Parque
Devolvendo a dignidade, promovendo a cidadania e a educação, esta escola localizada no Parque da Cidade, em Brasília, recebe alunos sem teto há mais de 20 anos. Jovens e adultos se encontram para conquistarem o direito básico de ensino e concluírem seus estudos, além de contar com a paciência e o carinho dos profissionais. Um diploma na mão pode ser um bom caminho para deixar de viver nas ruas e, enquanto para alguns é a coisa mais normal do mundo, ainda é o sonho de muita gente.
Foto © Sergio Dutti/Folhapress
Em Piracanga, na Bahia, a escola livre dentro de uma comunidade sustentável se baseia nas escolhas de cada criança, com ensino baseado na cooperação, liberdade de escolha, criatividade e brincadeiras. Para quem quiser saber mais, o Hypeness já falou mais sobre ela aqui.
Em lugares onde as escolas são escassas, a internet é um grande aliado. Após pesquisas, Sergio Correa Juárez desenvolveu uma escola online baseada no método de Sugata Mitra, um cientista que desenvolveu ensino livre através do computador, sem a presença de uma autoridade, colocando as crianças no controle de seu próprio aprendizado. Um grupo de tutores fica disponível no Skype para esclarecer dúvidas, propor debates e dar apoio aos alunos.
Baseada nos principais dilemas dos seres humanos, o método de ensino desenvolvido na Suíça aborda questões dentro das áreas de filosofia, psicologia e artes visuais, dando atenção ao que realmente importa: os problemas cotidianos. O indivíduo e seus sentimentos estão em primeiro lugar, o que ajuda os alunos a construírem e desconstruírem suas percepções de mundo e sociedade. E atenção: a escola tem espalhado filiais e já possui unidade em São Paulo.
14. Kaospilot
Dinamarquesa, a escola de ensino técnico superior de empreendedorismo, criatividade e inovação social funciona por método colaborativo e forma alunos através de projetos divididos em três fases, uma a cada ano. Os temas trabalhados são: desenho e gestão de projetos criativos; desenho e liderança de processos criativos; desenho e criação de novos negócios, com o intuito de formar mentes empreendedoras e que fomentem a economia criativa.
15. Projeto Âncora
Em Cotia, São Paulo, o projeto é liderado por uma Associação Civil de Assistência Social, de natureza beneficente, filantrópica e cultural de fins não econômicos e não lucrativos. A ideia é desenvolver cidadãos com consciência coletiva, sustentável e criativa dentro do espaço de 11 mil metros quadrados, onde os alunos de 6 a 12 anos têm acesso a áreas verdes, quadras de esporte, circo, salões de estudo equipados com livros didáticos e computadores, refeitórios, pista de skate, salas de música, de dança e de artes e uma biblioteca com mais de dez mil livros.
Fotos: Divulgação
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